O Sindicato dos Engenheiros de Goiás (SENGE-GO) manifesta preocupação com o concurso lançado pela Prefeitura de Rianápolis, que prevê salários de até R$ 3 mil, mas consegue ir mais além ao oferecer para o cargo de analista apenas R$ 2.000,00, exigindo diploma de engenharia.
A exigência de formação em engenharia para uma remuneração tão baixa evidencia dois problemas graves: o desvio de função e a desvalorização profissional. Na prática, o município busca absorver conhecimento técnico altamente especializado, pagando valores incompatíveis com as responsabilidades e atribuições de um engenheiro.
Mesmo que a Lei 4.950-A/1966, que estabelece o piso salarial dos engenheiros — de até 6 salários mínimos para jornada de 6 horas — não seja obrigatória para profissionais concursados em municípios, estados ou na União, a comparação entre o que prevê a lei e a remuneração oferecida no edital de Rianápolis é absolutamente desproporcional.
Embora, a lei seja voltada a trabalhadores regidos pela CLT, a legislação serve como parâmetro histórico e referência de luta para toda a categoria. Colocar lado a lado o piso da engenharia e o salário ofertado pelo município expõe o tamanho da discrepância e o desrespeito com os profissionais.
Outro aspecto fundamental é o custo da formação em engenharia. Ser aprovado em um curso da área exige dedicação intensa e, muitas vezes, investimento em cursinhos, materiais e anos de estudo. Seja em universidades públicas ou privadas, o processo é custoso em termos de tempo e recursos. Após concluir a graduação, receber apenas R$ 2.000,00 é uma afronta não só ao esforço individual, mas também à importância social da profissão.
O SENGE-GO reforça que esta não é uma denúncia isolada. Historicamente, o sindicato tem enfrentado situações de precarização do trabalho e desvio de função, reafirmando que o respeito ao piso profissional da engenharia é condição mínima para a valorização da categoria.
Como destaca o presidente do SENGE-GO, Gerson Tertuliano: “Não se trata apenas de reivindicar salários mais altos, mas de assegurar dignidade e reconhecimento para uma profissão que é estratégica para o desenvolvimento econômico e social.”Ele conclui reafirmando:“Essa é uma luta histórica, e o SENGE-GO seguirá firme em travá-la.”
As engenharias são parte estruturante da sociedade. Não se trata apenas de questões econômicas, mas da vida e de tudo o que se cria e se constrói em comunidade. A responsabilidade dos profissionais da engenharia com o bem-estar natural, social e humano não pode ser reduzida pela precarização. Deve ser prioridade na gestão pública comprometida com a sociedade.
Por isso, o SENGE-GO repudia a banalização de serviços essenciais. Analista não, Engenharias sim! — com respeito e dignidade. Essa é a nossa luta.