“Sentimos que o País vem abordando temas ligados à profissão com muito mais ênfase, o que força o governo a tomar atitudes para ampliar a oferta e oportunidades. Assim, este ano deve ser o recomeço para muitas áreas, principalmente a civil, com a retomada de obras. Há uma demanda reprimida, dada a queda acentuada no setor com a crise nos últimos anos”, atesta a coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP, Marcellie Dessimoni. Para o também coordenador do núcleo, Lucas Gabriel Batista Alves, o otimismo se deve ao fato de estar cada vez mais evidente para a sociedade a importância da engenharia ao desenvolvimento nacional.
Recém-formada em Engenharia Civil e já atuando como autônoma no segmento de reformas e obras corporativas, Tamiris Pinheiro da Silva concorda: “Acredito que venha a melhorar bastante, porque o governo está injetando mais verba nessa área, abrindo um fundo para engenheiros e arquitetos referente ao Minha Casa Minha Vida.” A jovem profissional refere-se a reformulação do programa habitacional que vem sendo feita pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, cuja promessa é de criação de vouchers aos interessados para que eles próprios definam o engenheiro e arquiteto a ser contratado para a construção.
A expectativa é compartilhada com o estudante do terceiro ano da graduação em Engenharia Civil Rogério Magela de Araújo, que já faz estágio na área e revela estar abrindo uma microempresa para atuar em reformas e construções. “Até 2019, as construtoras seguraram muitos projetos. Para este ano a perspectiva é lançar um por mês”, assegura.
Uma questão que todos concordam é que, com a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), as companhias preferem contratar como autônomo ou o denominado PJ. Mas Justo acredita que ainda deve ser demandada a admissão formal, com carteira assinada: “As empresas devem compreender que a responsabilidade do engenheiro é muito grande. Também é preciso atentar para o piso salarial nas contratações. A sociedade está mais envolvida, e a profissão deve atender suas necessidades, com segurança, ética e cuidado com o ser humano.”
Várias possibilidades
Além da construção civil, também se vislumbram oportunidades, conforme ela, em setores como produção e materiais, finanças, agronomia, óleo e gás e mineração. Nesta última, a gestora aponta que das 12 profissões mais requisitadas, cinco são em engenharia, nas modalidades minas, ambiental, produção, elétrica, metalúrgica e a grande área de segurança do trabalho.
Dessimoni aposta ainda em mecatrônica e mecânica. E destaca a Engenharia de Manutenção como uma área que “pode gerar muito emprego, oportunidades e aprendizado. O poder público precisa tomar para si, com planejamento, equipe e orçamento próprios, de modo a evitar colapsos”. A proposta consta da última edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” (https://bit.ly/30TRacb), iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com a adesão do SEESP, dedicada a esse tema: assegurar, sob essa configuração, secretarias de Engenharia de Manutenção em todas as instâncias de governo.
Tecnologia da informação
Justo enfatiza “a busca de engenheiros com trabalhos voltados às tecnologias digitais, à inteligência artificial, automação, logística, internet”. Segundo levantamento publicado pelo Linkedin (https://bit.ly/30MmvgU), das 15 profissões emergentes em 2020, nove estão diretamente relacionadas à tecnologia da informação (TI). Entre elas, estão engenheiros de dados e de cibersegurança, que devem ter como grandes contratantes, além de empresas de TI, instituições financeiras, como bancos. E Justo salienta: outras profissões em alta apontadas pelo estudo buscam competências que a engenharia oferta, como cientista de dados, especialista em Inteligência Artificial (IA), desenvolvedor em JavaScript e de plataforma Salesforce.
Relatório realizado pela consultoria PageGroup também sinaliza que TI deve ser forte contratante neste ano. Como observa Justo, “apresenta um panorama de 36 profissões em alta para 2020, com salários até R$ 50 mil. Entre elas, gestor de proteção de dados, gerente de engenharia industrial, gerente de programa (automação robótica de processos), engenheiro de software e líder em planejamento financeiro”.
Diante desse cenário, a gestora recomenda que o currículo esteja adequado, exposto nas plataformas digitais, e que os jovens se preparem para o processo seletivo, o que inclui não apenas domínio de conhecimentos técnicos, mas de competências comportamentais. “Indico a área de Oportunidades na Engenharia do SEESP para apoio.”
Por Soraya Misleh
Fonte: Jornal do Engenheiro